Código Genético
No meio das madrugadas
como esperasse notícias
eu tenho acordado
desde o dia vinte e quatro
de fevereiro quando
a Rússia invadiu a Ucrânia.
As notícias que espero
nunca mais irão chegar
porque não passam apenas
de um código genético
da memória que levo
nas veias de quem nunca
mais na vida vai voltar.
A sucessão de calúnias,
as mentiras e as chamas
do Porto de Mykolaiv,
falam muito sobre tudo
aquilo que deveria ter
sido detido desde o início.
O Batalhão e o povo
foram levados de Mariupol
para uma área ocupada,
e até agora ninguém mais
sabe de nada qual será
o resultado deste jogo,
e todos assistem no sofá.
Chamam de proteção
aos civis desocupar uma
área pela guerra ofendida,
mas eu chamo pelo nome
que deve ser dado porque
o povo foi é sequestrado.
As cartas que nos Correios
de Mariupol chegavam
elas nunca mais irão chegar
porque ali virou necrotério,
e quem foi sequestrado
provavelmente terá chance
na vida a liberdade voltar.
Muita gente não fingiu
que não viu que a mentira
imperial desde o início
foi criada para invadir,
torturar, roubar e matar,
e o tirano segue sem parar.
Não posso fechar meus
olhos, os meus ouvidos
e minha boca porque
em nome do respeito
da minha inteligência
não posso fingir que nada
disso e muito mais não vi.
Tive o meu eu interpelado
por um alguém que disse
deixe o inimigo forte
enfrentar o inimigo fraco,
prefiro é que esta guerra acabe
e voltem para o seu quadrado.
Não gosto de cultivar ódio
em qualquer circunstância,
quando a História é muito
ruim não há como contar
suavemente e se ninguém
parar aquele ordinário
qualquer um será invadido.
Luhansk, Donetsk, Kherson,
Simferopol, Sevastopol,
Severodonetsk e Irpin,
e tantas outras neste inferno
sem hora para ter fim
sendo muralhas da civilização.
Se o mundo vier a esquecer
escrevi o máximo que pude
para este capítulo não apagar,
e tudo o quê pude apreender
com este ensinamento duro
admito que cresci ao menos
para mais esta História recordar.
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